Texto originalmente publicado em: http://sitiodaiv.blogspot.com/2011/04/iv.htmlChamem-me céptica, chamem-me pessimista, chamem-me o que quiserem...É talvez derivado da minha formação mas, tenho o péssimo hábito de tentar encontrar os fundamentos das questões com que me deparo. Aqui, a questão é a IV. Assim mesmo, sem delimitações, sem sub-capitulos ou sub-temas. É assim mesmo, a IV como um todo.Ao longo dos anos fui-me apercebendo de como gira este relógio não porque me ensinaram ou porque se preocuparam mas sim pelas frustrações e limitações com que me deparei ao longo do tempo.Comecei a achar que remar contra a maré não valia a pena, mas também nunca me sentei e me deixei ir com as ondas, andei sempre junto à costa, seguindo o meu próprio caminho e crescendo no caminheirismo como sempre entendi. Felizmente, e graças a todas as outras regiões e um ou outro dirigente que têm levado comigo ao longo destes anos seja em formações ou ETC's consegui seguir o caminho mais correctamente possível.Passei por todas as fases: ignorar um tal de departamento regional da IV, pensar na possibilidade de lutar por uma secção, ignorar por completo a secção a nível regional e, mais recentemente, tentar unir esforços (porque é dificil levar um navio a bom porto quando estamos sozinhos) para tentar criar algo como a "IV Regional". Por fim, tornei-me descrente.
Por aqui, parecemos todos cópias desses políticos falhados que querem produzir leite mas não sabem o que come a vaca ou, trocando por miúdos: queremos tanto ter caminheiros que nem sabemos qual o problema estrutural do caminheirismo nesta região. Achamos que a velha máxima do "está mal? muda-se" ainda está na moda e, meus caros, foi graças a essas mentalidades que estamos mergulhados numa profunda crise e vivemos num país completamente desacreditado no resto do mundo. O "está mal? muda-se" passou à história, aqui as perguntas deviam ser: está mal? Porquê? O que está a falhar? Qual é, afinal o problema estrutural que assola esta secção a nível regional há anos sem fim? Que medidas falharam? Agora sim, que medidas adoptar? O que mudar?Falar é fácil, bem sei mas, já tive tempo suficiente para meter as mãos na consciência e conseguir resposta a todas estas questões.
Nesta região não mudamos, nem tentamos mudar, acomoda-mo-nos e é isso que me destrói e torna ainda mais profunda a minha descrença. O problema está a todos os níveis se bem que incomodam-me os dirigentes com tantas filosofias e poucas acções, ou acções que não valem a pena nem têm força para mudar o rumo da água. Mas, acima de tudo incomodam-me aqueles que se auto-intitulam caminheiros, aqueles que envergam um lenço vermelho sem saberem muito bem como foi lá parar, aqueles que de vez em quando vimos por aí a vaguear e nos perguntamos "é caminheiro?", "ainda tá nos escuteiros?" e alguém nos diz: "sim, ele é caminheiro". NÃO, não é, lamento desiludir-vos. Aquele que a partir dos 18 anos acha que se pode sentar num café e assim fazer caminho, não é caminheiro. O caminho não se faz assim meus caros e, quando descobrirem chamar-lhes-ei Caminheiros, com "C" maiúsculo e incluir-vos-ei naquele pequeno grupo restrito de irmãos Caminheiros que tenho nesta região que, infelizmente, duas mãos chegam e talvez sobrem para os contabilizar.
Um dia, espero que as minhas mãos não cheguem mas hoje, espera-me a descrença naquela que é a secção que mais me deu e aquela onde mais dei (e olhem que passei por todas!). Hoje faltam-me as forças para lutar, faltam-me forças para sequer acreditar numa mudança (impossível a curto prazo, o problema estrutural desta secção requer uma mitigação a longo prazo). Hoje, deparo-me com a indecisão de esperar para ver ou avançar na minha jornada.Se avançar nesta jornada, será que quero entrar nesse relógio que não sabemos muito bem quantas vezes ao dia está certo, ou será que quero ficar apenas sentada, levar-me finalmente na maré, ou talvez continuar a ser "a suspeita do costume"?
Bia581 St André
quinta-feira, 7 de abril de 2011
A IV
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